Transcrições

Distinção entre Tradução, Versão e Transcrição

Transcrever é o ato de redigir um texto que assimile a fala do palestrante, tal como ele a produziu. É importante que o texto transcrito contenha, com a máxima fidelidade possível, as palavras deste. Assim, para evitar descaracterizar a fala dos palestrantes que utilizam uma linguagem mais coloquial, serão aceitas algumas formas gramaticais que, apesar de não serem abonadas num texto formal culto, são adequadas e próprias num contexto mais informal.

Além disso, tenha o devido cuidado de evitar sílabas vazias, repetições ou tropeços do palestrante. Caso haja um erro óbvio, pode-se corrigi-lo, desde que a correção esteja entre colchetes, para indicar que não foi o que ele disse. Também é aceitável reescrever o que o palestrante disse em casos em que se precise adequar a legenda a uma velocidade de leitura e comprimento adequados. A transcrição de legendas também deve incluir informações sonoras como (Aplausos) e (Risos), para os deficientes auditivos, tal como a sincronia com a fala do palestrante.

As traduções ocorrem quando a palestra foi ministrada em um idioma estrangeiro, ou seja, num idioma diferente do português brasileiro, caso em que utilizamos uma transcrição do idioma original como texto base para a criação da legenda em nossa língua.

A versão, por sua vez, busca traduzir a palestra em português brasileiro para uma língua estrangeira. No nosso caso, para o inglês, o que vai possibilitar que a palestra proferida em português brasileiro possa ser vertida para as demais idiomas. Nesse site é possível buscar por tarefas de versão.

No fim, todas facilitam que se espalhem ideias; assim, transcreva para transformar a fala em texto escrito; traduza para que os brasileiros possam ter acesso às palestras; verta do português brasileiro para outros idiomas, para disseminar nossas ideias pelo mundo afora. :)

Apesar de sabermos que se trata de tarefas complexas, que exigem análise do contexto, da postura e da proposta do palestrante, quase caso a caso, aqui vão algumas diretrizes com o objetivo de orientar esse trabalho, mas sem a intenção de engessar as opções de quem vai trabalhar diretamente com a transcrição, a revisão e a aprovação desse tipo de tarefa.

Recomendações para realizar transcrições

Evite editar a fala quando:

  • O palestrante iniciar a frase com os pronomes oblíquos átonos “me” ou “te”. Exemplos:

"Me passou todo o material e, aí, eu fui tocando."

"Foi emocionante ouvir ele falar pra você: “Te desejo muita sorte”."

"Te achei deslumbrante aquele dia."

  • O palestrante usar o verbo “ter” no sentido de “existir”. Exemplos:

"Eu sabia que ler era importante, mas tinha um problema: como fazer uma criança ler?"

"Tem alguns pesquisadores que acham que isso não faz sentido."

  • O palestrante misturar a forma de tratamento “você” com o pronome oblíquo “te”. Exemplo:

"Quando você pensa que ele te entendeu, ele faz o contrário."

  • O palestrante usar o pronome pessoal reto ele(s)/ela(s) na função de objeto direto. Exemplos:

"Vimos ela saindo numa correria danada."

"Quando comprei ele, era novinho em folha."

  • O palestrante usar as contrações “pra”, “pras”, “pro” e “pros”. “Pro” é a contração da preposição “para” com o artigo masculino “o”. Seu plural é “pros” (“para” + “os”); o feminino singular é “pra” (“para” + “a”), e o feminino plural é “pras” (“para” + “as”). Exemplos:

"Assim, a porta já vira uma banca pros livros."

"O suporte da porta já vira um suporte pras prateleiras."

  • O palestrante usar “a gente” em vez de “nós”. Use “nós” apenas se for preciso comprimir uma legenda, lembrando de fazer a concordância adequada:

"Quando a gente tem consciência do significado da nossa ação, a nossa ação é a nossa pergunta."

"Quando nós temos consciência do significado da nossa ação, a nossa ação é a nossa pergunta."

  • O palestrante usar “onde” em vez de “no qual/nos quais”, “na qual/nas quais”, “em que”, etc. Exemplo:

"Certa vez, recebemos um e-mail onde o assunto era: “Obrigada por salvar a minha vida”."

Edite a fala quando:

  • O limite de velocidade de leitura, em determinada legenda, for excedido e só for possível resolver o problema reduzindo o número de caracteres da legenda.

  • For mostrado texto na tela, trascrevendo-o entre colchetes para tornar a legenda acessível a deficientes visuais.

  • O palestrante usar uma regência, uma concordância ou uma conjugação verbal, etc., claramente equivocada. Exemplos:

Errado: "Se ele manter essa postura, o plano pode não funcionar."

Certo: "Se ele mantiver essa postura, o plano pode não funcionar."

Errado: "De repente, ele apaixonou com ela."

Certo: "De repente, ele se apaixonou por ela."

Errado: "A gente achamos difícil levar o plano adiante."

Certo: "A gente achou difícil levar o plano adiante."

  • O palestrante claramente cometer um engano ao pronunciar uma palavra ou apresentar algum dado. Exemplos:

Errado: "De repente, a coisa começou a desgringolar."

Certo: "De repente, a coisa começou a degringolar."

Errado: "É muito comum as pessoas ficarem se degladiando."

Certo: "É muito comum as pessoas ficarem se digladiando."

O palestrante (uma mulher) diz:

Errado: "Muito obrigado."

Certo: "Muito obrigada."

  • O palestrante utilizar reduções tais como "tava", "teve", "tive", "tiveram", "tá", comuns na fala. Essas reduções são, na verdade, apenas formas de pronúncia das diferentes conjugações do verbo "estar ("estava", "esteve", "estive", "estiveram", "está"). A única exceção é quando o palestrante usar essas formas reduzidas intencionalmente (imitando ou destacando a fala de uma outra pessoa, por exemplo), ou quando o "" for interjeição. Exemplos:

Forma reduzida/de pronúncia: "Ela tava na biblioteca."

Forma inteira: "Ela estava na biblioteca."

Forma reduzida/de pronúncia: "Ele teve aqui em casa semana passada."

Forma inteira: "Ele esteve aqui em casa semana passada."

Forma reduzida/de pronúncia: "Tive pensando sobre o assunto, e tomei uma decisão."

Forma inteira: "Estive pensando sobre o assunto, e tomei uma decisão."

Forma reduzida/de pronúncia: "Eles tiveram por lá até por volta das 22h."

Forma inteira: "Eles estiveram por lá por volta das 22h."

Forma reduzida/de pronúncia: "O trabalho ótimo."

Forma inteira: "O trabalho está ótimo."

  • Quando ficar óbvio o engano em casos como, por exemplo, o palestrante diz “baixo” claramente querendo dizer “alto”, e a edição for alterar de maneira considerável o significado da sentença, coloque a edição entre colchetes, para indicar que esta foi intencional. Exemplos:

"A distância entre a Terra e o Sol é de 150 mil km."

Edição: "A distância entre a Terra e o Sol é de 150 [milhões] de km."

"Acordei só às 9h30, e o sol já estava baixo."

Edição: "Acordei só às 9h30, e o sol já estava [alto]."

"O povo adorava o governador, pois seus projetos iam de encontro ao que a população queria."

Edição: "O povo adorava o governador, pois seus projetos iam [ao encontro do] que a população queria."

  • O palestrante repetir excessivamente termos como: “E...”, “Hum...”, “É….”, “Então...”, "Bem" “né”, “tá”, “aí”, “obrigado, obrigado, obrigado”.