Equívocos Frequentes
Alguns equívocos são frequentes ao traduzirmos para o português. É importante estar atento a algumas peculiaridades da nossa língua. Veja alguns exemplos abaixo.
O novo acordo ortográfico
Ao realizar a tradução, faça com que ela fique adequada ao novo acordo ortográfico. Uma boa maneira de verificar e aprender é copiar a legenda para um editor de texto atualizado e utilizar a correção ortográfica.
Entre os equívocos mais comuns está o mau emprego da acentuação: os verbos “crer”, “dar”, “ler” e “ver” perderam o acento circunflexo, enquanto “pôr” o teve mantido.
Nova Ortografia - UOL Educação
Uso equivocado dos pronomes relativos
“A menina que o pai fala mandarim”, usando “que o” inadequadamente no lugar de “cujo” (“a menina cujo pai fala mandarim”).
Nos links a seguir, você encontra mais informações sobre a aplicação adequada dos pronomes relativos:
Uso de iniciais maiúsculas ou minúsculas
Um exemplo clássico é o das nacionalidades. Em inglês, por exemplo, nacionalidades são escritas com inicial maiúscula, independentemente de onde a palavra na frase (She is American), mas não em português (Ela é americana).
Veja mais sobre quando usar iniciais maiúsculas e minúsculas na língua portuguesa:
Deve-se sempre usar inicias minúsculas após o emprego de ‘:’ dois pontos, exceto quando o trecho subsequente for uma citação.
Concordância verbal e nominal
Erros de concordância verbal e nominal principalmente em frases muito extensas. É importante estar atento à flexão verbal e à flexão nominal (número e gênero), conforme o caso. Nos links a seguir, você encontra alguns exemplos:
Concordância atrativa
Um exemplo clássico de concordância atrativa é quando há na frase a expressão “a maioria de”, funcionando como núcleo do sujeito (“A maioria dos restaurantes utilizam cartazes informativos”). Porém, a concordância atrativa é mais adequada em situações em que haja verbo de ligação seguido de predicativo no plural. Exemplo:
“Um terço das mulheres presentes estão grávidas” - concordância atrativa, em vez de “Um terço das mulheres presentes está grávido” - concordância gramatical.
A concordância gramatical é a mais recomendada na maioria dos casos, porém ambas podem ser usadas. Veja mais [nesse link][11].
Regência verbal e nominal
Há verbos que combinam com complementos específicos. Em alguns casos, o termo complementar (preposição) combinado com o verbo muda ligeiramente seu significado. O mesmo ocorre com os substantivos, cujos termos complementares podem ser artigos, adjetivos, pronomes, etc. Veja maiores informações sobre assunto e exemplos nos links abaixo.
- Regência Verbal – Só Português
- Regência Verbal - Wikipédia
- Regência Verbal - InfoEscola
- Regência Verbal - Português
- Regência Nominal – Só Português
- Regência Nominal – Brasil Escola
- Regência Nominal - Wikipédia
- Regência Nominal - InfoEscola
Locuções, expressões, etc.
“Ao invés de” / “Em vez de”
Um exemplo clássico é o uso de “ao invés de” com o mesmo sentido de “em vez de”. A primeira tem um significado bem específico e deve ser usada apenas quando houver a ideia clara de oposição, de contrário, enquanto a segunda tem um significado mais amplo (“no lugar de”). “Em vez de” sempre substitui “ao invés de”, mas o contrário não ocorre. Veja mais nos links abaixo.
“À medida que” / “Na medida em que”
Outro par de expressões “parecidas”, que gera dúvidas, é “à medida que” / “na medida que”. Veja mais nos links abaixo.
- Locução conjuntiva – Uol Educação
- A medida e na medida que – Mundo Educação
- A medida e na medida que – Senado
Este/esse, esta/essa, isto/isso. Veja mais nos links abaixo.
Tradução de “this” ou “these”
Nem sempre equivalem a “este/esse/esta/essa” ou “estes/esses/estas/essas”. Dependendo do contexto, eles equivalem aos nossos artigos indefinidos “um/uma” ou a seus plurais (normalmente omitidos nos textos em português). Exemplos:
“When I got home, I found this beautiful postcard on my couch – Quando cheguei em casa, encontrei um lindo cartão postal no sofá”
“Everybody was quiet and then these guys started yelling at one another – Todos estavam quietos e, então, uns/alguns caras começaram gritar uns com os outros”
“I looked around and I saw these beautiful flowers everywhere – Olhei ao redor e vi belas flores em toda parte”. Essa definição pode ser encontrada na definição número 5, no segundo quadro desse link.
Traduzindo a expressão “a couple of”:
Tenha o cuidado de observar o seu sentido real, pois ela nem sempre significa “dois”. Exemplo: “She stayed for a couple of days.” - Ela ficou por alguns dias. - Couple - The Free Dictionary
Tradução no singular de “they”/”them”/”their”
Em inglês, num contexto em que o gênero da pessoa sobre a qual se fala não fica claro, “they”, “them” e “their” podem ser usados como substitutos de “he/she”, “him/her” e “his/her”. Isso normalmente ocorre quando na frase há palavras como “person”, “someone”, etc. Exemplos:
“Ask someone if they could help - Peça a ajuda de alguém”
“When you have a child, you have this unconditional love for them - Quando você tem um filho, você tem um amor incondicional por ele”
“She heard someone blow their nose loudly - Ela ouviu alguém assoar o nariz audivelmente”
Veja as definições nos links abaixo:
Tradução de “you”, quando o palestrante se refere à plateia:
É possível traduzi-lo no singular (“você”) ou no plural (“vocês”). Tenha apenas atenção à concordância verbal e mantenha uma escolha coerente em toda a tradução: sempre que possível, se escolheu traduzir o singular, use o singular do início ao fim. O mesmo caso opte por “vocês”. Exemplo:
“Quero saber o que vocês fariam numa situação dessas”, ou “Quero saber o que você faria numa situação dessas” / “Levante a mão se você concorda”, ou “Levantem a mão se vocês concordam”.
Crase
Veja mais sobre o uso da crase nos links abaixo.
- Locuções que não levam crase
- Crase – Wikipédia
- Crase, regras de uso e emprego – Uol Educação
- Crase – Estadão Escola
O uso dos “porquês” (por que, por quê, porque e porquê)
Para ficar mais fácil saber qual deles deve ser usado na tradução, basta lembrar que “porquê” é substantivo e normalmente vem antecedido de artigo (o, um, os, uns). “Por que” equivale a “why”, exceto quando aparecer no final da frase, ou antes de vírgula ou de ponto e vírgula, caso em que se usa “por quê”. “Porque” equivale sempre a “because”. Veja mais nos links abaixo:
Ter ou Haver (no sentido de existir)
O verbo “ter” é bastante usado no dia a dia com o sentido de “existir”, substituindo o verbo “haver”. Com o sentido de “existir”, ambos, “ter” e “haver”, são considerados verbos impessoais, ou seja, não possuem sujeito. Por isso, não sofrem flexão de número. Exemplo:
“Tinha/Havia muitas pessoas na fila”, em vez de “Tinham/Haviam muitas pessoas na fila."
Porém, em situações como essa, quando o sentido for “existir”, recomenda-se usar o verbo “haver”, em vez do verbo “ter”, ou o próprio verbo “existir”. Ao optar por “existir”, lembre que ele não é impessoal. Portanto: “Existiam muitas pessoas na fila”. Para mais informações, veja esse link.
Ainda como impessoal, o verbo “haver” é utilizado em expressões que indicam tempo decorrido, assim como o verbo “fazer”. Exemplo:
"Há muito tempo não falo com minha irmã."
"Faz muito tempo que não falo com a minha irmã."
Para identificarmos se utilizaremos o “a” ou “há” substituímos por “faz” nas expressões indicativas de tempo. Se a substituição não alterar o sentido real da frase, emprega-se “há”. Exemplo:
"Há cinco anos eu não estudava francês."
Substituindo por faz:
"Faz cinco anos que eu não estudava francês."
Quando não for possível a conjugação do verbo “haver” nem no sentido de “existir”, nem de “tempo decorrido”, então, emprega-se “a”. Exemplo:
"Daqui a pouco poderemos ir embora."
"Estamos a meia hora da minha casa."
Importante: Não se usa “Há muitos anos atrás”, pois se trata de pleonasmo. Não é necessário colocar “atrás”, uma vez que o verbo “haver” já indica tempo decorrido. Exemplo:
"Ela ligou há dez minutos."
"Ela ligou dez minutos atrás."
Particípio
Alguns verbos possuem particípio regular (terminados em “ado”, “ido”). Outros verbos possuem particípio irregular. Também há verbos que possuem as duas formas de particípio (verbos abundantes). No caso dos verbos abundantes, com dois particípios distintos, a regra geral é a seguinte: usa-se o particípio regular quando o verbo principal que o acompanha é o verbo “ter” ou o verbo “haver”
"Ela havia/tinha entregado o presente ao filho."
Usa-se o particípio irregular quando o verbo principal que o acompanha é o verbo “ser” ou o verbo “estar”
"O presente foi entregue a ele."
A tradução do where
Há um equívoco frequente ao traduzir a palavra “where” para o português, pois ela pode se referir a um lugar, sendo traduzida por “onde”, como também a uma situação, caso em que se emprega o “em que”, “na/no qual”, entre outros.
Uso de aspas
Utilize sempre as aspas duplas, exceto no caso em que se necessite de um conjunto de aspas dentro de outro já existente.
Gênero
Atente-se ao gênero de uma palavra ao traduzir. Em palavras cujo gênero é indefinido, como friend, tente inferir o certo e, caso não seja possível, escolha o que preferir.